Saúde
Coalizão Vozes do Advocacy e Instituto ADIFI promovem I Fórum de Nefropatia em Foz do Iguaçu

Na terceira semana de outubro, em Foz do Iguaçu, especialistas se reúnem para debater temas cruciais, como o diagnóstico precoce da nefropatia, a prevenção das doenças renais, abordagens integradas de tratamento e o impacto das políticas públicas na saúde renal
Nos dias 17 e 18 de outubro, o Vozes do Advocacy em Diabetes e Obesidade, em parceria com o Instituto ADIFI, promove o I Fórum de Nefropatia Diabética, no Parquetec de Itaipu, em Foz do Iguaçu. O evento, com início às 9h, reunirá especialistas renomados e figuras públicas para discutir o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), o cenário atual das doenças renais e a importância da linha de cuidado.
O Fórum é voltado especialmente para representantes de organizações de diabetes e profissionais de saúde de Foz do Iguaçu e região. O encontro visa promover um diálogo profundo e qualificado sobre os desafios e avanços no tratamento da nefropatia diabética, com destaque para as perspectivas de cuidados renais no Brasil.
Segundo Terezinha Pinezi, presidente do Instituto ADIFI, “o objetivo desse encontro é discutir as lacunas na assistência às pessoas com doenças crônicas e às pessoas com diabetes envolvendo tanto a Atenção Primária à Saúde quanto a atenção especializada, no que diz respeito à carência de medicamentos, exames e consultas especializadas; inexistência de contrarreferência e nefrologista para o acompanhamento dos casos”.
No primeiro dia, o evento oferecerá uma capacitação, abordando os seguintes temas e contando com a participação de renomados especialistas: O cenário das doenças renais no Brasil e no Mundo e a relação das doenças renais e o diabetes, ministrado pelo Dr. Layon Campagnaro; Doença Renal Crônica no SUS: Panorama, Desafios e Novas Estratégias; A importância do diagnóstico precoce da nefropatia no diabetes e suas implicações, abordado pelo Dr. Paulo Fortes; O impacto do emocional sobre as doenças renais , ministrado pela Dra Eliana Pirolo – Doutora em Ciências pelo Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo; A importância da atividade física na prevenção das doenças renais e no desenvolvimento da condição, ministrado pelo Ademar Pinezi Junior, Professor e Pesquisador do IFPR; Como é conviver com doenças renais? A mesa será composta por Humberto Floriano Mendes, Presidente da Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina e Monica Valle, pessoa com diabetes que faz hemodiálise.
No dia 18, haverá um painel: Cenário das doenças renais no Brasil e as dificuldades durante a jornada de acesso aos exames e ao tratamento. Os participantes convidados são: Dra. Carmen Moura, Coordenador Geral da Atenção Especializada; Dr. Ulisses Figueiredo, Secretário de Saúde de Foz do Iguaçu; Dr. Paulo Fraxino, Presidente da Sociedade Paranaense de Nefrologia; Humberto Floriano Mendes, Presidente da Associação dos Pacientes Renais de Santa Catarina; representantes das Secretarias de Saúde do Estado do PR e de Foz de Iguaçu, Instituto ADIFI e Vozes do Advocacy.
Sobre doenças crônicas e diabetes
As doenças renais crônicas são alterações heterogêneas, que afetam tanto a estrutura quanto a função renal, com múltiplas causas e múltiplos fatores de risco. Trata-se de uma doença de curso prolongado, que pode parecer benigno, mas que muitas vezes se torna grave e que na maior parte do tempo tem evolução assintomática. No Brasil, dados de diálise crônica indicam que as taxas de incidência e prevalência da doença crescem de forma acelerada. De acordo com Censo Brasileiro de Diálise de 2018, o número total estimado de pacientes em diálise crônica foi de 133.464. A prevalência estimada de pacientes em diálise crônica passou de 405 pmp em 2009 para 640 pmp em 2018, correspondendo a um aumento absoluto de 58%, com aumento médio de 6,4% ao ano.
O diabetes é a principal causa de doença renal crônica no mundo e a segunda causa de ingresso na terapia renal substitutiva no Brasil, segundo o Censo Brasileiro de Diálise de 2020. No portal, o Ministério da Saúde relata que investe R$3,2 bilhões no tratamento de doenças renais.
Vale destacar a baixa adesão ao tratamento por parte de pessoas com diabetes, o que compromete a prevenção da progressão da doença. Exames simples, como análise de urina ou sangue, podem detectar precocemente alterações importantes. Se houver uma redução na taxa de filtração glomerular (aumento nos níveis de creatinina) por três meses consecutivos, isso indica a presença de doença renal crônica, exigindo encaminhamento urgente para um nefrologista.
Essa iniciativa conta com o apoio de: Astrazeneca, Baxter, NovaBio, Itaipu Binacional, Parquetec de Itaipu e Bayer.
Serviço:
I Fórum de Nefropatia em Foz do Iguaçu
Data: 17 e 18 de outubro 2024
Horário: Das 9h às 18h
Local: Parquetec de Itaipu, em Foz do Iguaçu
Sobre a Coalizão Vozes do Advocacy em Diabetes e em Obesidade
Com a participação de 25 associações e de 2 institutos de diabetes, o projeto promove o diálogo entre os diferentes atores da sociedade, para que compartilhem conhecimento e experiências, com o intuito de sensibilizar a sociedade sobre a importância do diagnóstico e tratamento precoces do diabetes da obesidade e das complicações de ambas, além de promover políticas públicas, que auxiliem o tratamento adequado destas condições no país.
Saúde
Brasil retomará fabricação nacional de insulina após 20 anos

O Ministério da Saúde recebeu, nesta sexta-feira (11), o primeiro lote de insulinas produzidas por meio do programa Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que faz parte da Estratégia Nacional para o Desenvolvimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde. O país voltará a fabricar o medicamento 100% nacional, por meio de transferência da tecnologia da farmacêutica indiana Wockhardt, com base em um acordo com o laboratório público Fundação Ezequiel Dias (Funed) e com a empresa brasileira Biomm.
O ministro Alexandre Padilha participou do evento de entrega do lote com 207.385 mil unidades do medicamento, sendo 67.317 frascos de insulina regular e 140.068 de insulina NPH, na fábrica da Biomm, em Nova Lima (MG).
“Depois de mais de duas décadas sem produzir insulina humana, o Brasil retoma essa fabricação para ser entregue ao Sistema Único de Saúde e contribuir com a saúde da população”, destacou Padilha. “É o Brics acontecendo na realidade, mudando a vida da população brasileira e gerando emprego, renda e tecnologia aqui em Minas Gerais”, acrescentou, em referência ao bloco econômico que reúne grandes países do chamado Sul Global, incluindo a Índia, país que viabilizou a parceria.
Segundo a pasta, após a transferência total da tecnologia, o Brasil produzirá 50% da demanda relacionada às insulinas NPH e regular no SUS.
“Uma iniciativa como essa traz segurança aos pacientes de que, independentemente de qualquer crise — como a que vivemos durante a pandemia —, o país tem soberania na produção desse medicamento tão importante. Cerca de 10% da população brasileira tem diabetes, e parte dessas pessoas precisa usar insulina. Isso garante tranquilidade, segurança e estabilidade tanto para o SUS quanto para os cidadãos que dependem do medicamento”, reforçou Padilha.
A iniciativa conta com investimentos de R$ 142 milhões na aquisição da tecnologia, e cerca de 350 mil pessoas com diabetes serão beneficiadas. Os contratos preveem a entrega para a rede pública de 8,01 milhões de unidades de insulina, entre frascos e canetas, em 2025 e 2026.
A partir da aquisição inicial, de acordo com o Ministério da Saúde, terá início o processo de transferência de tecnologia, conforme previsto nas diretrizes da PDP. Ao final da transferência, a produção do medicamento será totalmente brasileira, com a Funed e a Biomm capacitadas para fabricar o medicamento no país e abastecer o SUS de forma autônoma.
Nas PDPs, instituições públicas e empresas privadas compartilham responsabilidades para a produção nacional do insumo farmacêutico ativo (IFA) e do produto objeto de PDP, em um processo de transferência de tecnologia reversa. A transferência é efetivada por meio de etapas que incluem a realização de embalagens, controle de qualidade dos insumos, produção do produto acabado e do Insumo Farmacêutico Ativo no Brasil, possibilitando, assim, a produção local do medicamento que será fornecido ao SUS.
Tratamento no SUS
O SUS oferece assistência integral às pessoas com diabetes, desde o diagnóstico até o tratamento adequado, de acordo com o quadro clínico de cada paciente. A porta de entrada para o cuidado é a Atenção Primária à Saúde, que realiza o acompanhamento contínuo por meio de equipes multiprofissionais. Atualmente, são ofertados quatro tipos de insulinas: insulinas humanas NPH e regular e insulinas análogas de ação rápida e prolongada, além de medicamentos orais e injetável para diabetes mellitus.
Saúde
Medicina regenerativa: o avanço que promete tratar a dor crônica com o próprio corpo

Dr. Guilherme Rossoni explica como terapias com células-tronco, PRP e suplementação personalizada estão mudando o paradigma do tratamento para dores articulares e musculares
Milhões de brasileiros convivem com dores crônicas que comprometem suas rotinas, produtividade e bem-estar. Para muitos, a única alternativa oferecida é o uso contínuo de medicamentos paliativos, ou, em casos mais graves, a cirurgia. No entanto, a medicina está diante de um novo capítulo: a era da medicina regenerativa, que propõe o uso do próprio corpo como ferramenta de cura.
Segundo o neurocirurgião Dr. Guilherme Rossoni, especialista em doenças da coluna e tratamentos para dor, essa abordagem não se limita a aliviar sintomas, mas busca tratar a causa da dor crônica de forma personalizada, minimamente invasiva e com base em evidências científicas.
“Utilizamos técnicas como o PRP (Plasma Rico em Plaquetas), células-tronco, ácido hialurônico, ondas de choque e infiltrações guiadas por imagem para estimular o reparo de tecidos danificados. São procedimentos feitos em consultório, com precisão e acompanhamento individualizado”, explica o Dr. Guilherme .
A proposta é reequilibrar o funcionamento de articulações, tendões e músculos, diminuindo a dor e devolvendo qualidade de vida ao paciente. Para isso, a suplementação personalizada também tem papel fundamental no sucesso da terapia.
“Durante o processo de regeneração, o organismo precisa de nutrientes específicos para reparar tecidos, combater inflamações e acelerar a cicatrização. Por isso, prescrevemos substâncias como colágeno tipo II, vitamina D, ômega-3 e anti-inflamatórios naturais com base no perfil clínico de cada paciente”, destaca.
Um dos grandes diferenciais da medicina regenerativa é o uso das células-tronco mesenquimais, com potencial de se transformar em cartilagem, osso e músculo. A coleta pode ser feita da própria medula óssea ou gordura abdominal, processada em laboratório e aplicada diretamente na área lesionada.
“Essa é uma das terapias mais promissoras da atualidade, com resultados expressivos no tratamento de artrose, lesões tendíneas e dores articulares. Mas é preciso critério, experiência e protocolos bem definidos para garantir a eficácia e a segurança do paciente”, ressalta o neurocirurgião.
A medicina regenerativa é uma abordagem integrativa, baseada na ciência e voltada para o futuro do cuidado com a dor. Ao invés de tratar os sintomas, ela busca restaurar o equilíbrio do corpo e promover a cura a partir dos próprios recursos biológicos do paciente.
“Se você ou alguém próximo convive com dores na coluna, joelhos, quadril ou ombros, saiba que existem alternativas além da cirurgia ou do uso contínuo de medicamentos. A medicina regenerativa pode ser o próximo passo”, finaliza Dr. Guilherme Rossoni.
Saúde
Cirurgia plástica em debate: mitos, verdades e o que é preciso saber para não correr riscos

Especialista esclarece os cuidados antes de procedimentos como lipoaspiração e explica por que complicações graves são raras — desde que o paciente escolha o profissional certo
A morte da empresária e influenciadora Natália Cavanellas, de 40 anos, durante uma cirurgia estética em São Paulo reacendeu o alerta: afinal, procedimentos como lipoaspiração são mesmo perigosos? Quais são os riscos reais? O que é mito e o que é verdade nesse universo da cirurgia plástica, tão desejado por milhares de brasileiros?
Para a cirurgiã plástica Dra. Pamela Massuia, especialista em contorno corporal e com mais de 3 mil cirurgias realizadas, a resposta é clara: sim, há riscos — como em qualquer procedimento médico —, mas eles são bastante baixos quando todos os protocolos são respeitados e o paciente é bem preparado.
“O medo é legítimo, principalmente após um caso tão impactante, mas ele precisa vir acompanhado de informação. O problema é quando esse medo paralisa ou coloca todos os cirurgiões sob suspeita. Isso é injusto e perigoso”, explica a médica.
Brasil é líder mundial em cirurgias plásticas
O Brasil é o país com maior número de cirurgias plásticas no mundo, à frente dos Estados Unidos, segundo dados da ISAPS (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética). A lipoaspiração é um dos procedimentos mais realizados no país, ao lado de mamoplastia e rinoplastia.
Apesar da popularidade, os procedimentos ainda são cercados de desinformação, pressa e falta de critérios na escolha do profissional. Muitos pacientes buscam clínicas por indicação informal, redes sociais ou preço — e deixam de lado a checagem mais importante: a formação e a experiência do cirurgião, além do registro de especialista ativo em cirurgia plástica (RQE).
Mitos e verdades sobre lipoaspiração, segundo especialista
Para orientar quem está considerando uma cirurgia, a Dra. Pamela elenca os principais mitos e verdades:
- Mito: “Toda lipo é arriscada”
Verdade: Lipoaspiração, como qualquer cirurgia, tem riscos. Mas quando é feita por um cirurgião com registro de especialista, com exames em dia e em ambiente hospitalar adequado, as complicações graves são raras.
“A maior parte dos casos de complicações vem da combinação de fatores como excesso de procedimentos, ambientes inadequados, profissionais sem especialização e pacientes sem preparo”, alerta a médica.
- Mito: “Quanto mais gordura tirar, melhor o resultado”
Verdade: Existe um limite seguro de retirada de gordura (geralmente 7% do peso corporal). Ultrapassar esse valor pode gerar instabilidade hemodinâmica e risco à vida. - Mito: “É só estética, então é simples”
Verdade: Toda cirurgia plástica é um ato médico sério, com exames pré-operatórios, avaliação clínica, jejum, anestesia, internação e recuperação. - Mito: “Se é em hospital, está tudo certo”
Verdade: Além da estrutura do hospital, é fundamental que o médico tenha registro de especialista ativo (RQE) e experiência na área. A participação em sociedades médicas, como a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) ou a BAPS (Brazilian Association of Plastic Surgeons), pode ser um diferencial, mas não é obrigatória. - Mito: “Um médico que faz muitos procedimentos juntos é mais prático”
Verdade: Fazer múltiplas cirurgias ao mesmo tempo (como lipo, enxerto, prótese, abdominoplastia) prolonga o tempo anestésico e aumenta os riscos. O ideal é limitar o tempo de cirurgia e o número de áreas operadas.
O que avaliar antes de operar?
A Dra. Pamela orienta os pacientes a se atentarem a pontos cruciais:
- Verificar se o médico tem registro de qualificação de especialista (RQE) ativo em cirurgia plástica
- Confirmar a formação em cirurgia plástica e sua experiência com o procedimento desejado
- Checar o local da cirurgia (hospitais com UTI, centro cirúrgico completo)
- Exigir avaliação clínica e exames antes da data da cirurgia
- Evitar decisões por impulso ou baseadas apenas em redes sociais
“O paciente também tem responsabilidade. Ele deve fazer perguntas, entender o procedimento, saber os riscos e confiar que o médico pode, inclusive, dizer ‘não’ a um pedido estético quando isso for necessário para preservar sua saúde”, afirma.
Lipo HD, LAD, enxerto, prótese… o que muda em cada técnica?
Nos últimos anos, a lipoaspiração ganhou novas versões e siglas, como lipo HD, LAD e lipoescultura com enxerto glúteo. Para leigos, parece tudo igual. Mas as abordagens, indicações e riscos são diferentes.
- Lipo HD (ou LAD): feita para realçar o contorno muscular. Exige mais precisão e cuidados, especialmente com cânulas finas e áreas delicadas.
- Enxerto glúteo: A gordura retirada do corpo é injetada nos glúteos. O maior risco acontece quando a gordura é aplicada dentro do músculo (técnica intramuscular), especialmente sem o uso de ultrassom guiado, o que aumenta significativamente a chance de embolia pulmonar.
- Lipo convencional: remove gordura de áreas específicas, sem necessariamente modelar a musculatura.
“O enxerto glúteo em plano subcutâneo profundo, especialmente quando guiado por ultrassom, tem risco muito menor. A técnica e os cuidados no intra e pós-operatório fazem toda a diferença”, destaca a médica.
Segurança: o que é feito para reduzir riscos?
Além da técnica adequada, existem protocolos essenciais para garantir segurança em cirurgias plásticas. Dra. Pamela destaca alguns deles:
- Uso de ultrassom para guiar o enxerto glúteo, evitando que a gordura seja injetada no músculo
- Aplicação de gordura na camada subcutânea profunda, não no plano intramuscular
- Manta térmica, bota pneumática, meia de compressão e medicamentos preventivos durante a cirurgia
- Deambulação precoce e continuidade da profilaxia no pós-operatório para evitar trombose
Casos como o de Natália devem servir de alerta, não de pânico
Diante do caso de Natália Cavanellas, a cirurgiã reforça a importância de não generalizar ou demonizar os procedimentos estéticos:
“A cirurgia plástica salva a autoestima de muita gente. Quando feita com critério, ela transforma positivamente. O que precisamos é de mais informação, responsabilidade e consciência — dos dois lados: paciente e médico”, conclui Dra. Pamela.