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Rio de Janeiro

Mapa aponta que quase meio milhão de cariocas passam fome

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01.06.2020 Segundo A Secretaria Sao Servidas Aproximadamente 94 Milhoes De Refeicoes Na Rede Publica De Ensino Por Ano Letivo. Foto Arquivo Agencia Brasil
© Arquivo/Agência Brasília

A insegurança alimentar grave é realidade em 7,9% das casas na capital fluminense. Em números absolutos, são 489 mil pessoas que passam fome. Cerca de 2 milhões de cariocas convivem com algum grau de insegurança alimentar (seja leve, moderada ou grave). Os dados inéditos fazem parte do I Inquérito sobre a Insegurança Alimentar no Município do Rio de Janeiro – o Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro.

A pesquisa revela ainda que o acesso à alimentação adequada se dá de forma desigual na geografia da capital fluminense. A Área de Planejamento (AE) 3 (Zona Norte sem a Grande Tijuca) é a mais atingida pela fome – ela se apresenta em 10,1% das casas. A fome é maior nos lares chefiados por pessoas negras (em 9,5% desses domicílios). Quando o estudo faz a análise por gênero, 8,3% das famílias comandadas por mulheres também não têm o que comer.

O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro é uma parceria entre a Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro da Câmara Municipal e o Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ). Com o lançamento do estudo, o Rio de Janeiro se torna a primeira cidade brasileira a mapear a insegurança alimentar e a fome em nível municipal.

Outros indicadores mostram que a falta de comida atinge 16,6% das famílias lideradas por pessoas com escolaridade mais baixa. A fome também atinge 18,3% das casas onde a pessoa de referência está desempregada, e em 34,7% dos domicílios com renda per capita mais baixa.

“O perfil da pessoa que passa fome no Rio acompanha as desigualdades nacionais. As famílias que têm insegurança alimentar grave têm a chefia feminina, que tenha pessoa preta ou parda, com menor escolaridade com fundamental incompleto, desempregado e famílias de menor renda, inferior a um quarto do salário-mínimo per capita”, disse Rosana Salles-Costa, professora e pesquisadora do INJC/UFRJ.

Dados

As estatísticas foram coletadas entre novembro de 2023 e janeiro de 2024, a partir da realização de entrevistas em 2 mil domicílios das cinco APs do município. A segurança alimentar foi medida pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), que também é utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O Mapa da Fome do Rio é um importante legado da Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria para a população carioca. Ele servirá de base para fornecer critérios técnicos para a implementação de políticas públicas, e com isso auxiliar na ampliação dos restaurantes populares, cozinhas comunitárias, banco de alimentos e demais instalações de programas de segurança alimentar”, afirmou o vereador Dr. Marcos Paulo (PT), presidente da Frente Parlamentar Contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro.

O Mapa da Fome da Cidade do Rio de Janeiro revela que o percentual de fome no município é quase o dobro se comparado com o dado nacional recém-divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada em abril, a fome esteve presente em 4,1% das casas brasileiras. No estado do Rio de Janeiro, ainda segundo a PNAD, o percentual de 3,1% ressalta ainda mais a situação aguda da capital fluminense.

Políticas

O estudo analisa as políticas públicas e iniciativas – do governo ou da sociedade civil – que têm por objetivo assegurar o direito à alimentação saudável. Os três restaurantes populares municipais existentes (em Bonsucesso, Bangu e Campo Grande) atenderam a apenas 6,9% da população carioca. As cozinhas comunitárias e o programa Prato Feito Carioca foram acessados, de agosto a outubro de 2023, por apenas 2,1% dos moradores da cidade. As visitas às residências de agentes comunitários de saúde também têm se mostrado escassas: 56,5% da população no município relatou não ter recebido a visita nos últimos três meses.

O principal programa de segurança alimentar do município consiste no acompanhamento assistencial e nutricional em unidades de acolhimento (abrigos, hotéis e albergues noturnos) de adultos, crianças e adolescentes. Foram identificados 34 equipamentos públicos (que atendem a 1,5 mil pessoas), e cinco hotéis (com 500 hóspedes). Há apenas um albergue voltado para a população LGBTQIAP+, localizado na AP 1 (Centro e zona portuária). Na AP 2 (zona sul), há somente duas unidades de reinserção social, localizadas no Catete e em Laranjeiras.

“Para reverter esse quadro, é preciso ampliar os equipamentos públicos para essas pessoas em maior vulnerabilidade no acesso à alimentação, que seriam as cozinhas comunitárias cariocas como também os restaurantes populares. Em outra frente, é necessário aumentar a renda, melhorar a escolaridade e o emprego. Porque daí eu consigo reduzir a desigualdade e os níveis de insegurança alimentar”, disse Rosana Salles-Costa.

Insegurança hídrica

A insegurança hídrica também é avaliada pelo Mapa da Fome da capital carioca. O estudo revela que 15% dos lares cariocas não tiveram fornecimento regular de água ou sofreram com a falta de água potável. Dessas famílias, 27% se encontraram em situação de fome. As regiões mais afetadas pela escassez de recursos hídricos são Centro e zona portuária), com 24,3% e a zona norte sem a Grande Tijuca, com 21,7%.

“É urgente construir uma agenda de projetos de lei, políticas públicas, estratégias e outras ações. O número de cozinhas comunitárias e restaurantes populares, por exemplo, deve aumentar. São esses os espaços que asseguram a distribuição de refeições saudáveis e gratuitas ou com preços acessíveis em toda a cidade do Rio de Janeiro”, afirma o vereador Dr. Marcos Paulo.

 

Fonte: Agência Brasil

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Rio de Janeiro

Parceria entre o Vai de Boa e a Gil Pneus conecta mobilidade e geração de renda no Rio de Janeiro

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Uma história que começa no Maranhão e se solidifica na São Francisco Xavier, entre a Mangueira e o Parque Isabel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Matheus, nascido e criado no Morro da Mangueira, é hoje o empreendedor por trás da Gil Pneus, uma oficina automotiva que vai muito além dos serviços mecânicos. Seu negócio também é uma ponte para oportunidades de trabalho para jovens da região que, muitas vezes, encontram portas fechadas no mercado formal.

Mora no Rio de Janeiro? Baixe o App e vá de Boa

“Eu sempre fui da rua, cresci aqui. Sei o quanto é difícil o primeiro emprego, o primeiro curso técnico, a primeira chance de mostrar serviço”, conta Matheus. Foi justamente com essa visão de inclusão que ele transformou a Gil Pneus num espaço de formação prática, onde jovens podem aprender desde o básico da mecânica até noções de atendimento ao cliente.

Agora, essa missão social de Matheus ganha um reforço importante com a chegada do Vai de Boa, o novo app de mobilidade urbana que está iniciando suas operações no Rio de Janeiro com um propósito muito claro: gerar emprego e renda extra para a população local.

A parceria entre o Vai de Boa e a Gil Pneus nasce com um objetivo simples e poderoso: criar um ciclo de oportunidades. Por meio da oficina, o Matheus e sua equipe vão ajudar na preparação e manutenção dos veículos de motoristas que queiram se cadastrar no aplicativo. Além disso, a oficina será um dos pontos de apoio para motoristas parceiros da plataforma, oferecendo descontos em serviços como revisão, alinhamento e troca de pneus.

“Tem muito morador da Mangueira, da Zona Norte e de outras partes da cidade que quer trabalhar com aplicativo, mas esbarra em pequenos obstáculos: o carro precisa de uma revisão, tem um pneu careca, uma luz de freio que não funciona. Coisas que parecem simples, mas que fazem muita diferença na hora de colocar o carro pra rodar e garantir a renda do mês”, explica Matheus.

Do lado do Vai de Boa, a proposta vai além de conectar passageiros e motoristas. A empresa está criando uma rede de parceiros locais justamente para incentivar o desenvolvimento econômico de bairros e comunidades que historicamente têm menos acesso a esse tipo de oportunidade.

“Queremos ser mais do que um app de mobilidade: queremos ser um agente de transformação social em todo o Rio de Janeiro”, afirma a equipe do Vai de Boa.

A parceria já está na ativa e os interessados em trabalhar como motoristas parceiros podem procurar tanto a equipe do Vai de Boa quanto a própria Gil Pneus para receber orientações e informações sobre o processo de cadastro.

Mais informações:
📞 (21) 3090-0808
🔗 https://linktr.ee/vaideboaapp

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Rio de Janeiro

Hospitais veterinários universitários fluminenses recebem investimento de R$ 6 milhões da FAPERJ

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Hospitais universitários que tratam de cães, gatos, cavalos e até animais silvestres em todo o estado do Rio de Janeiro vão receber um reforço de peso. A FAPERJ lançou hoje um edital inédito que destina R$ 6 milhões à recuperação e modernização da infraestrutura de hospitais veterinários universitários fluminenses. Voltado a instituições de ensino superior públicas e privadas sem fins lucrativos que mantenham hospitais-escola vinculados a cursos de graduação em Medicina Veterinária, o programa vai financiar obras de infraestrutura e aquisição de equipamentos de grande porte.

A iniciativa busca fortalecer unidades que, muitas vezes, são a única alternativa de atendimento veterinário gratuito ou a baixo custo para a população de baixa renda em diversas regiões do estado.

“Esses hospitais exercem um papel estratégico que une ensino, pesquisa e impacto social. São locais onde se forma mão de obra qualificada, se desenvolvem projetos científicos e, ao mesmo tempo, se oferece um serviço essencial para o cuidado com os animais — domésticos ou não. O edital reconhece e apoia essa missão”, afirma Caroline Alves, presidente da FAPERJ.

Segundo o edital, já disponível no site da Fundação, poderão ser apoiadas intervenções físicas, reformas e modernizações de áreas como centros cirúrgicos, laboratórios de análises clínicas e microbiologia, salas de diagnóstico por imagem, ambulatórios e alas de internação. A chamada também prevê a aquisição de equipamentos como autoclaves, aparelhos de raio-X, ultrassons, mesas cirúrgicas, centrífugas e câmaras de conservação de medicamentos.

Cada proposta poderá receber até R$ 1,5 milhão, com execução prevista para até dois anos. Os projetos deverão ser coordenados por docentes ou pesquisadores das universidades e terão de apresentar um plano técnico detalhado que comprove a relevância da melhoria proposta para a formação acadêmica, a assistência aos animais e a viabilidade da execução.

O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Anderson Moraes, destacou o papel da iniciativa no fortalecimento da infraestrutura universitária voltada para a formação técnica e o atendimento à população. “Ao apoiar a modernização dos hospitais veterinários, estamos contribuindo para a qualificação dos cursos de Medicina Veterinária e para a oferta de serviços que atendem milhares de animais em todo o estado, muitos deles levados por famílias de baixa renda”, afirmou.

Segundo ele, o investimento reflete uma diretriz da política estadual de ciência e tecnologia voltada à aplicação prática do conhecimento. “A pesquisa científica precisa gerar impacto concreto na vida das pessoas. Projetos como esse articulam ensino, assistência e inovação, ampliando o alcance social das universidades e fortalecendo a ciência no território fluminense.”

O Rio de Janeiro abriga atualmente hospitais veterinários vinculados a universidades como a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF). Em muitos desses locais, são realizados atendimentos gratuitos ou a preços populares, além de ações de extensão com comunidades e protetores independentes.

De acordo com a reitora da Uenf, Rosana Rodrigues, o novo investimento da FAPERJ será decisivo para fortalecer ainda mais essa estrutura. “Este edital está sendo muito aguardado por toda a comunidade da Uenf. É um importantíssimo apoio para os hospitais veterinários universitários do estado do Rio de Janeiro e representa uma oportunidade concreta de avanço em diversas frentes acadêmicas, estruturais e sociais. O apoio da FAPERJ será fundamental para permitir a modernização da infraestrutura, a aquisição de equipamentos de ponta e a reestruturação física e tecnológica dos hospitais”, destaca Rosana.

Ela acrescenta que a iniciativa também reforça o papel das universidades públicas como centros estratégicos de transformação social. “Trata-se de um reconhecimento da importância dos hospitais veterinários universitários como centros de formação acadêmica, pesquisa científica e prestação de serviços essenciais à sociedade, especialmente considerando o conceito de Saúde Única”, conclui a reitora.

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Cultura

Taslim vence Prêmio Book Brasil com seu livro afrofuturista “A Dáie de Vários Nomes”

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Multiartista carioca marcará presença na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro

Destaque na nova cena da música nacional, a multiartista Taslim inicia uma trajetória brilhante também na literatura. “A Dáie de Vários Nomes”, o seu primeiro livro publicado, acaba de vencer o Prêmio Book Brasil na categoria Melhor Livro de Fantasia. Lançada pela editora Kitembo, a obra despontou entre publicações de todo país na quinta edição da premiação, que tem o propósito de aliar impacto social ao reconhecimento da diversidade e riqueza da produção literária brasileira, ajudando projetos sociais. A autora vai celebrar o prêmio com os leitores na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no Riocentro, no dia 14 de junho, sábado, das 14h às 17h, no estande da editora Kitembo.

Na obra, que tem prefácio assinado pela escritora afrofuturista Lu Ain-Zaila, a personagem Maisha é uma dáie, cargo que, entre as muitas atribuições, lhe dá o incrível privilégio de viajar pelos tempos. Após crescer sozinha na Era do Nada, no século XXV, em Kosso, um ambiente controlado e desolador, ela é recrutada para servir ao Reino de Uró nos anos 3.800, como parte de um plano maior para a manutenção do equilíbrio dos ciclos temporais. E a sua primeira grande missão é registrar a pandemia de Covid no Rio de Janeiro de 2020. Para realizar a tarefa, ela conta com a ajuda do mukulu, seu software pessoal, e de Sr. Gila, seu novo mentor.

Assumindo diferentes identidades em cada período temporal pelo qual passa, sua nova função promete levá-la a missões e desafios incomparáveis. O maior de todos será encarar a si mesma.    

Taslim conta que, para construir a narrativa com linguagem afrofuturista, foi necessário se reconectar com a sua infância, se encontrar “com a pequena garotinha sábia” e cheia de ideias que já se aventurava como contadora de histórias. Por isso, ela conta que a obra é autobiográfica, mas também ficcional. Uma fusão de memórias adaptadas e compartilhadas com o olhar para o futuro desejado.

– Escrever um livro sempre foi um sonho. Não me surpreende que minha criança tenha descoberto isso ainda muito nova. Aos 10 anos, lá estava ela redigindo sua primeira história: “O Baú de Todas as Cores”. Apesar de não ter sido publicado, costumo dizer que este foi o meu primeiro livro. Ali, a minha pequena estava mesmo escrevendo o futuro, ou para o futuro. Às vezes sinto ser a mesma coisa. Fato é que a mensagem que ela me deixou foi extremamente necessária para que eu conseguisse escrever essa grande viagem – revela a autora.

O livro está disponível no site da editora Kitembo.

Sobre a autora

Natural do Rio de Janeiro, Taslim é uma cantora, compositora, roteirista, poeta e escritora apaixonada pela cultura africana e negra. Ela traz uma proposta afrofuturista em todas as suas criações, utilizando diferentes linguagens para construir novos futuros que conectem o povo preto com a sua ancestralidade. Por meio da música, do audiovisual e da literatura, tem como objetivo criar histórias onde pessoas negras e sua cultura são protagonistas. Na música, destacam-se lançamentos que buscam pela sonoridade afropop, um álbum lançado e participações em festivais pelo país, além de passar por diferentes estados com o projeto autoral “Anastácia Tour”, em homenagem a mulheres negras.  

Sobre o Prêmio Book Brasil

Prêmio Book Brasil foi idealizado em meados de 2019. A premiação recebe inscrições de escritores de todo país que, no ato da inscrição, fazem doações de livros, itens escolares e jogos educativos à instituição beneficiada a cada edital. Em 2025, a iniciativa chega à sua quinta edição e beneficiará a Biblioteca Girassol, no Rio Grande do Sul. O prêmio conta com uma equipe técnica de leitura e 6 curadores para a avaliação de cada uma das 14 categorias. 

Serviço:

Local: Riocentro – Av. Salvador Allende, 6555, Barra Olímpica, Rio de Janeiro – RJ (estande da editora Kitembo – CAL14)

Dia e horário: 14 de junho, sábado, das 14h às 17h

Site da editora Kitembo: https://www.editorakitembo.com.br/a-daie-de-varios-nomes-taslim

Rede social de Taslim: https://www.instagram.com/eutaslim/

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