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Psicóloga Beatriz Brandão explica o processo de luto coletivo após queda de avião em vinhedo

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Psicóloga Beatriz Brandão explica o processo de luto coletivo após queda de avião em vinhedo
Reprodução / Internet

 

Vinhedo, SP – Em meio à tragédia que abalou a cidade de Vinhedo, onde um avião com 58 passageiros e quatro tripulantes caiu em um condomínio no bairro Capela, resultando na perda de todas as 62 vidas a bordo, a comunidade e os familiares das vítimas enfrentam um momento de dor e luto profundo. A psicóloga clínica Beatriz Brandão oferece uma análise detalhada sobre o impacto emocional e psicológico deste evento devastador, destacando os sete passos no processo do luto coletivo. 

 

Impacto emocional e reações psicológicas 

A queda de um avião, causando a perda de tantas vidas de uma só vez, gera um impacto emocional devastador para os familiares das vítimas”, explica Beatriz Brandão. “O choque inicial pode ser paralisante, seguido por uma mistura de negação, desespero e tristeza profunda. Este tipo de luto é ainda mais complexo devido à natureza abrupta e inesperada das mortes.” 

  

Segundo Brandão, as reações psicológicas comuns em casos de falecimentos em massa incluem choque, incredulidade, raiva e uma sensação de vazio ou desesperança. “A negação é um mecanismo de defesa frequente, onde as pessoas têm dificuldade em aceitar a realidade da perda. Com o tempo, a tristeza e o luto se instalam, muitas vezes acompanhados por sentimento de culpa, especialmente se os sobreviventes se questionam sobre o que poderiam ter feito de diferente”, acrescenta. 

  

Orientações para as famílias 

Para as famílias que perderam entes queridos, Beatriz Brandão recomenda permitir-se sentir a dor e buscar apoio emocional. “O luto é um processo que precisa de tempo e espaço para ser vivido. Não existe um ‘jeito certo’ de sofrer. É essencial buscar apoio, seja através de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. A terapia pode ser uma ferramenta valiosa para ajudar a processar essas emoções intensas e evitar que o trauma se agrave. Participar de grupos de apoio pode oferecer conforto e compreensão.” 

  

Apoio à comunidade 

O apoio à comunidade e aos familiares das vítimas deve ser uma prioridade, enfatiza Brandão. “Esse apoio pode vir de diversas formas, como oferecer serviços de aconselhamento psicológico, organizar vigílias e cerimônias para honrar as vítimas, e criar espaços onde as pessoas possam expressar suas emoções livremente. A resiliência comunitária, onde todos se apoiam mutuamente, é crucial para superar o trauma coletivo.” 

  

Desafios do luto coletivo 

O luto coletivo apresenta desafios únicos, pois a perda é compartilhada por muitas pessoas ao mesmo tempo, o que pode amplificar a dor. “Em casos como o de um acidente aéreo, onde há múltiplas vítimas, a dor é sentida em várias frentes – não só pelas famílias, mas por amigos, colegas de trabalho e até mesmo por desconhecidos que se solidarizam com a tragédia”, destaca Brandão. “É crucial que cada pessoa seja encorajada a vivenciar o luto de maneira única e pessoal, sem comparações ou pressões externas.” 

  

Importância da ajuda psicológica 

Buscar ajuda psicológica após uma tragédia dessa magnitude é fundamental. “Um profissional de saúde mental pode ajudar as pessoas a navegarem por suas emoções, oferecendo suporte para que o luto seja vivido de maneira saudável”, observa Brandão. “A terapia pode prevenir o desenvolvimento de transtornos psicológicos mais graves e ajudar os enlutados a encontrar caminhos para a resiliência e a recuperação emocional.” 

  

Superação do trauma coletivo 

A superação de um trauma coletivo depende muito da união da comunidade. 

 “É importante que as pessoas se sintam conectadas umas às outras, sabendo que não estão sozinhas em sua dor. Organizar eventos comunitários, como vigílias, homenagens e grupos de apoio, pode ser extremamente benéfico. A solidariedade e o apoio mútuo são fundamentais para que a comunidade possa se reerguer e seguir em frente após uma tragédia tão devastadora”, conclui Beatriz Brandão. 

 

Sobre Dra. Beatriz Brandão 

 

Psicóloga Clínica – C R P: 0 6 / 1 2 5 9 

Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com pós-graduação em Neuropsicologia. Especialista em Psicoterapia de Adultos e Casos, Psicofarmacologia, Psicodiagnóstico e Psicopatologia. Com 9 anos de atuação clínica e 11 anos de experiência em recursos humanos, Beatriz é reconhecida por seu trabalho com transtornos de humor, ansiedade e personalidade, além de autoconhecimento. Desenvolvedora de programas de saúde mental corporativa e palestrante. Comunicadora digital na área de psicologia, é autora do livro independente “Quem Sou Eu”, focado em autoconhecimento, e do livro “Puxão de Orelha – Isso Não é Autoajuda”. 

 

Redes sociais: 

Instagram: https://www.instagram.com/puxao_deorelha/ 

 

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Lei que cria CNH gratuita para população de baixa renda é sancionada

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© Marcello Casal JrAgência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou, nesta sexta-feira (27), um projeto de lei que permite que recursos arrecadados com multas de trânsito possam ser aplicados para custear a habilitação de condutores de baixa renda. A norma ainda estabelece regras para transferência de propriedade de veículo por meio eletrônico.

Pela nova lei, agora em vigor, serão beneficiados as pessoas de baixa renda que estejam no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico). Até então, a legislação de trânsito previa que os recursos provenientes de multas deveriam ser aplicados exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito. O custeio, previsto no projeto, abrangerá as taxas e demais despesas relativas ao processo de formação de condutores e do documento de habilitação.

O projeto de autoria do deputado José Guimarães (PT-CE) foi aprovado pelo Congresso Nacional no fim de maio.

Segundo o Palácio do Planalto, a lei aprovada ainda estipula regras para a transferência de propriedade e vistoria por meio eletrônico. No caso de transferência de propriedade, o contrato de compra e venda deve conter assinaturas eletrônicas qualificadas ou avançadas. A vistoria de transferência poderá ser realizada em formato eletrônico a partir de critérios do órgão executivo de trânsito dos estados e do Distrito Federal.

O contrato de compra e venda de veículo em meio digital, devidamente assinado pelo comprador e pelo vendedor perante o órgão de trânsito da União, terá validade em todo o território nacional e deve ser acatado pelos órgãos de trânsito dos estados e do Distrito Federal.

 

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Governo assina acordo para acelerar regularização fundiária

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© Cláudio Kbene/ PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, assinaram nesta sexta-feira (27) um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) que vai permitir atuação conjunta para acelerar a regularização fundiária de 1,9 milhão de hectares – o equivalente a cerca de 7% do território do estado que atualmente pertence à União.

“A iniciativa integrará sistemas de gestão e agilizará a titulação de terras públicas rurais e urbanas, envolvendo os Ministérios da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto de Terras do Tocantins (Itertins)”, informou o Palácio do Planalto.

A cerimônia, no município de Araguatins (TO), incluiu ainda a entrega de sete novos assentamentos com capacidade para beneficiar 896 famílias; de 169 títulos de regularização fundiária em terras públicas federais para agricultores familiares; e de 17 títulos de propriedade para assentados da reforma agrária.

Projetos

Os sete Projetos de Assentamento (PAs) abrangem as seguintes áreas:

– PA Taboca II (930 hectares, 39 unidades familiares);

– PA Recanto da Esperança (781 hectares, 57 unidades familiares);

– PA Recanto do Bebedouro (800 hectares, 50 unidades familiares);

– PA Águas Claras (1.162 hectares, 84 unidades familiares);

– PA Vitória IV (382 hectares, 20 unidades familiares);

– PA Santa Maria (4.943 hectares, 292 unidades familiares);

– PA Esmeralda (6.557 hectares, 354 unidades familiares).

Segurança jurídica

Também foram entregues 350 títulos de regularização fundiária para moradores do município de São Bento (TO). A ação permite que a prefeitura passe a emitir títulos individuais, consolidando a posse dos terrenos onde as famílias construíram casas. Esta é a segunda entrega na localidade, de um total que deve beneficiar 1.028 famílias.

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Médicos Sem Fronteiras: 94% dos hospitais de Gaza estão destruídos

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© Médicos sem Fronteiras/Divulgação

Profissionais da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) que estiveram recentemente na Faixa de Gaza relatam um cenário de terra devastada pelos bombardeios do exército israelense. Segundo a coordenadora do MSF em Jerusalém Oriental que atendia os territórios de Gaza e Cisjordânia, Damares Giuliana, 94% dos hospitais de Gaza estão fora de funcionamento porque foram bombardeados ou despejados. Os 6% que ainda funcionam também foram danificados.

“O que está acontecendo ali é limpeza étnica. São atos que podem configurar crime de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio. Quando se proíbe a entrada de alimentos, você está usando o alimento como arma de guerra. Está minando todas as possibilidades de vida, porque não tem água, não tem luz, não tem aquecimento no inverno”.

“Israel bombardeia hospitais, escolas, proíbe a circulação de veículos, obriga as pessoas a andar quilômetros e quilômetros para buscar a parca quantidade de alimentos e no caminho sofrem ataques de drones, de helicópteros, de tanques de guerra, de atiradores”, recorda Damares.

A Médicos Sem Fronteiras promoveu nesta semana na Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no centro do Rio de Janeiro, encontro com profissionais para contar sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza.

Em 2 de março deste ano, Israel proibiu a entrada e saída de suprimentos e insumos médicos da Faixa de Gaza. No dia 18 de março, Israel encerrou o cessar-fogo e retomou os bombardeios.

“São 365 quilômetros quadrados para uma população de 2,2 milhões, mas as pessoas estão concentradas em apenas 15% do território. Agora é um território muito menor por conta das ordens de despejo e das regiões militarizadas por Israel. Foi feito um sufocamento”, afirmou a coordenadora.

A Faixa de Gaza é um território palestino que tem sido alvo de intensos bombardeios e ataques por terra do Exército de Israel desde um atentado do grupo islâmico Hamas a vilas israelenses, em outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e fez 220 reféns. O Hamas, que governa Gaza, sustenta que o ataque foi uma resposta ao cerco de mais de 17 anos imposto ao enclave e também à ocupação dos territórios palestinos por Israel.

Os ataques israelenses contra a Faixa de Gaza, desde então, já fizeram mais de 56 mil vítimas e deixaram mais de 100 mil feridos, além de destruírem hospitais, escolas e todo tipo de infraestrutura que presta serviços à população. Um bloqueio às fronteiras do território também dificulta a entrada de alimentos e medicamentos, agravando a crise humanitária. Segundo Israel, o objetivo é resgatar os reféns que ainda estão com o Hamas e eliminar o grupo completamente.

Bloqueio

A enfermeira Ruth Barros ficou dois meses entre o final de fevereiro até o fim de abril na região norte de Gaza, a mais devastada. Ela conta que, antes da volta dos bombardeios, havia suprimentos, os mercados tinham produtos, vegetais, frutas, legumes. As pessoas estavam tentando reconstruir suas casas e os hospitais estavam sendo reabilitados.

“Depois de 2 de março, quando começou o bloqueio à entrada e saída de materiais, a gente teve que começar a racionalizar e a pensar como faria nossas atividades. Só conseguimos trabalhar com o estoque de medicamentos que já estava disponível na região norte”.

Segundo Ruth, as necessidades aumentavam à medida que caíam as bombas, e a capacidade de resposta era cada dia mais reduzida. “O norte de Gaza está completamente destruído. As pessoas vivem em tendas. As edificações foram destruídas. Todas as unidades de saúde foram devastadas”.

De acordo com a enfermeira, os bombardeios afetam a saúde mental da população ─ muitas crianças com sintomas de estresse pós-traumático e adultos com sintomas depressivos.

“Atuei em zonas de conflito, mas a destruição não chegou ao mesmo nível do que ocorre em Gaza. Estamos falando de falta de água, comida e abrigo. Necessidades humanas básicas estão deterioradas e colapsadas em Gaza. As explosões destruíram as tubulações, então é esgoto a céu aberto, o que traz mais doenças. As pessoas estão fazendo uma refeição por dia, comendo enlatados. A desnutrição aumentou drasticamente”, relata.

O médico generalista Paulo Reis ficou na região central de Gaza, um pouco mais preservada, na coordenação de um hospital de campanha que atende exclusivamente casos de trauma. Ele chegou no começo de março e saiu em meados de maio. Paulo conta que os insumos médicos que disponíveis em Gaza são os estoques feitos antes do fim do cessar-fogo.

“A situação era cada vez mais difícil, porque cada vez menos havia estruturas de saúde em pé. Eram feitas 20, 30 cirurgias por dia de vítimas de bombas e tiros. Quando eu cheguei lá, eram 50 pacientes internados. Quando saí, eram 80 pacientes internados no hospital de campanha. A grande diferença de Gaza para outros locais de conflitos é o volume. Já trabalhei em zonas de guerra, mas com essa quantidade de vítimas, de explosões, nunca vi assim. Em Gaza, os bombardeios são a toda hora. Não tem um momento que você não escute bomba. Os drones são 24 horas. É tão frequente que as pessoas sequer deixam de conversar, de fazer alguma coisa cotidiana porque uma bomba explodiu relativamente perto”, completa o médico.

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