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Saúde

Transtorno de Ansiedade Social no trabalho: um desafio para a rotina de líderes e colaboradores

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Priscila Oliveira é psicóloga clínica, especialista em Gestão de Pessoas e Head de Cultura e Pessoas da Kstack
Priscila Oliveira é psicóloga clínica, especialista em Gestão de Pessoas e Head de Cultura e Pessoas da Kstack

*Por Priscila Oliveira

É certo afirmar que, infelizmente, profissionais do remoto e do presencial têm sofrido com instabilidades emocionais no trabalho e muitos deles devem esse sofrimento ao ambiente onde atuam. Uma das tantas dessas instabilidades é o Transtorno de Ansiedade Social, mais conhecido como TAS, está diretamente ligado ao local de trabalho, seja ele físico ou presencial, e tem como consequência o prejuízo no desenvolvimento da rotina.

Sentimentos de vergonha, tristeza, medo e pânico são as características comuns do TAS e geralmente atuam com intensidade. Pessoas que têm sintomas de TAS sentem-se enfraquecidas em alguns ambientes que escolheram, ou que foram escolhidos para elas, para que desempenhem seu trabalho.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Manual MSD de Saúde Para a Família, 13% das pessoas no mundo apresentam Transtorno de Ansiedade Social em algum momento da vida; 9% das pessoas que são afetadas anualmente são mulheres e 7%, homens. As dificuldades que essas pessoas têm ao se relacionarem com outras pessoas durante a rotina de trabalho pode afetar aspectos importantes de suas vidas, como a educação de seus filhos, por exemplo, ou o convívio com o marido/esposa, e até mesmo durante a tentativa de fazer novas amizades.

O Transtorno de Ansiedade Social no home office

Os sintomas de Transtorno de Ansiedade Social no trabalho apresentam-se no dia a dia das duas modalidades de trabalho, tanto no home office, quanto no presencial. Segundo uma pesquisa realizada pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 11% dos trabalhadores migraram para o trabalho remoto após o fim da pandemia da Covid-19, o que fez com que algumas dessas pessoas passassem a sofrer com o isolamento do ambiente profissional.

Sintomas de estresse, apatia e desânimo ao iniciar chamadas de vídeo são exemplos de como o TAS pode se desenvolver até mesmo no modelo remoto de trabalho. Reações, como não aceitar falar ao microfone durante uma reunião por chamada de vídeo, é um dos sintomas mais comuns, assim como o sentimento de solidão, graças ao silêncio e à ausência física dos colegas. São características que corroboram para a queda do desempenho e a preocupação com a ergonomia no ambiente de trabalho, mesmo esse ambiente sendo virtual.

Por outro lado, também há o medo de perder a oportunidade de continuar trabalhando no modelo remoto e ser obrigado a voltar a trabalhar no presencial. A porcentagem de pessoas que desejam continuar trabalhando no home office foi contabilizada por uma pesquisa experimental realizada em 2023 sobre mercado de trabalho pelo PNAD-C, do IBGE. A pesquisa demonstrou a porcentagem de pessoas que acreditam no aumento de sua produtividade durante o home office, totalizando 68,6%; 43,6% dessas pessoas querem manter o home office, porque acreditam que seus horários se tornam mais flexíveis, o que os permite realizar outras atividades enquanto estão em casa.

O Transtorno de Ansiedade Social no presencial

Já no presencial, os sintomas de Transtorno de Ansiedade Social no Trabalho dizem respeito às reações físicas que comumente ocorrem, como o toque, a conversa formal olho no olho e as cobranças diretas realizadas pelos superiores. Os desafios competem inquietações, perfeccionismo, medo de errar, ausência de autoconfiança e dificuldades de concentração e de interação.

No presencial, as pessoas que sofrem com os sintomas do TAS são aturdidas por pensamentos invasores, que geralmente nada tem a ver com sua rotina de trabalho, e pensamentos catastróficos quanto aos acontecimentos próximos e/ou quanto ao que já aconteceu. As pessoas com esses sintomas ficam ‘mastigando’ o ocorrido, sofrendo com um intenso sentimento de dor e desaprovação de suas próprias ações.

Situações como essas podem acarretar até mesmo problemas físicos, como taquicardia, coceira incessante, queda de cabelo, enxaqueca, tremores e inchaços pelo corpo e hiperventilação; a consequência é o aumento do absenteísmo, da dificuldade em conduzir diariamente suas obrigações e demandas, resultando em insatisfação e desmotivação aparentes no ambiente de trabalho.

TAS, a dor de cabeça do RH

Como uma verdadeira dor de cabeça, o TAS no trabalho assombra os profissionais elencados como responsáveis pelo recrutamento e seleção de pessoas. O RH é o setor da empresa que recebe situações bombásticas de Transtorno de Ansiedade Social quase que diariamente, já que é o profissional responsável pelo desempenho da promoção de um ambiente favorável de trabalho e pelo bem-estar de seus colaboradores. Os desafios de sua função inclui até mesmo a liderança, comumente exposta aos sintomas de TAS no trabalho. Uma pesquisa da Gallup afirmou que, no mundo, 28% do time vivencia o engajamento da empresa; o restante ou já pediu demissão ou trabalha pela metade, sem motivação e incentivos para ‘vestir a camisa’, graças à incapacidade de seus líderes de gerir sem inspirar e administrar as funções de seus colaboradores à base do controle, da hierarquia e da subserviência.

Segundo um estudo realizado pela AL + People & Performance Solutions, com 117 startups e grandes empresas brasileiras, para 76,9% dos entrevistados, a maior preocupação é o desenvolvimento da liderança e a falta de preparo para lidar com desafios. 46,20% preocupam-se com a saúde mental desses líderes. De acordo com o relatório da Sapiens Labs, de 2023, o Brasil teve o terceiro pior percentual de pessoas que sofrem com instabilidades emocionais no ano, de uma lista de 71 países, perdendo apenas para o Reino Unido, que ficou em primeiro lugar, e para a África do Sul, listada em terceiro.

Quais são os sintomas do Transtorno de Ansiedade Social no trabalho de maneira geral?

O desempenho no trabalho de uma pessoa com sintomas de TAS cai devido à sua constante crença de que não é suficiente, o que vem à tona quando precisa desempenhar alguma função específica em público, a exemplo de comentários/falas/palestras realizados na frente de duas ou mais pessoas.A pessoa que tem sintomas de TAS no trabalho geralmente mantém sentimentos relacionados aos medos mais diversos e que afetam a sua rotina. Alguns desses medos:

  1. Envolvem outras pessoas e os receios de suas reações quanto a si mesma;
  2. Quase sempre acontecem diante das mesmas situações, o que os torna parte da rotina;
  3. São duradouros, com intensidade que alcança além dos seis meses de sofrimento;
  4. Têm relação com uma ou mais situações cotidianas e sociais;
  5. Impõem à pessoa que está sofrendo que encare essas situações por obrigação, com total desconforto e vontade de desistir/ir embora;
  6. São desproporcionais aos verdadeiros perigos;
  7. Causam um sentimento excessivo de angústia;
  8. Prejudicam o desempenho das atividades diárias.

Como tratar uma pessoa diagnosticada com Transtorno de Ansiedade Social no trabalho

Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo PNAD-C, do IBGE, diante do principal ponto positivo que as pessoas elucidam ao falar sobre qualidade de vida e bem-estar no trabalho, 28,5% devem essas sensações ao home office, enquanto 15,8% consideram o home office principalmente quando o assunto é não perder tempo com deslocamento. O contrário disso pode ocasionar sintomas intensos de estresse e que têm relação direta com o TAS, mas ainda assim, a partir do momento em que a pessoa se propuser a realizar o diagnóstico, ela pode vivenciar um tratamento saudável e com resultados positivos.

Entre esses tratamentos, três podem gerar efeitos consideráveis. São eles:

  1. Terapia cognitivo-comportamental: nesse modelo terapêutico, a pessoa em tratamento aprende a ajustar seus padrões de pensamento, a identificá-los a partir de comportamentos, como ansiedade ou sentimento de pânico, e a usar técnicas de relaxamento. Os resultados envolvem a modificação adequada de seu comportamento e a sensação de mais tranquilidade;
  2. Terapia de exposição: essa terapia consiste em fazer com que as pessoas pratiquem ações que geralmente as deixam nervosas. Por exemplo, se falar em público desencadeia sintomas de pânico, elas precisam praticar isso em algum outro lugar, como expor suas palavras em frente às pessoas em quem confiam, a exemplo de ambientes religiosos, como discursar no púlpito;
  3. Terapia com antidepressivos: remédios com indicação prévia podem ajudar pessoas com diagnóstico de Transtorno de Ansiedade Social no trabalho. As pessoas que fazem terapia com antidepressivos, utilizam medicamentos ansiolíticos, e geralmente, os profissionais responsáveis medicam os pacientes com betabloqueadores, que são medicamentos responsáveis por diminuir o estresse no coração e nos vasos sanguíneos, bem como controlar a enxaqueca, a ansiedade e os tremores. A sudorese também pode ser evitada pelos betabloqueadores, um sintoma que ocorre principalmente ao realizar ações publicamente.

O diagnóstico de TAS no trabalho deve ser feito por um psiquiatra ou psicólogo através de entrevistas clínicas e testes psicológicos.

O cuidado com a saúde mental

Cuidar da saúde mental é tarefa diária e contínua. Profissionais de ambos os modelos de trabalho necessitam manter as inquietações da mente sob controle. No contexto do mundo moderno, tudo muda em segundos, o que acaba exigindo resiliência diante das sobrecargas mentais diárias, intensificadas pelos acontecimentos comuns da rotina.

Hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos, a meditação, a autoaceitação, o relaxamento em momentos oportunos, a boa alimentação e uma noite de sono aprazível são remédios naturais para os problemas enfrentados durante o dia a dia de trabalho. Mas, lembre-se: nesse processo, o que não podemos fazer é desistir.

*Priscila Oliveira é psicóloga clínica, com MBA em Gestão de Pessoas, e atua como Head de Cultura e Pessoas na Kstack.

 

Enviado por: LÍVIA IKEDA | PARALELO COMUNICA ASSESSORIA DE IMPRENSA

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Saúde

Saúde incorpora cinco procedimentos contra câncer de mama no SUS

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Saúde incorpora cinco procedimentos contra câncer de mama no SUS
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Ministério da Saúde lançou nesta sexta-feira (6) o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para câncer de mama. A estratégia passa a incluir, no Sistema Único de Saúde (SUS), cinco procedimentos a serem disponibilizados em centros especializados, além da realização de videolaparoscopia – técnica cirúrgica minimamente invasiva que permite aos médicos acessar órgãos internos por meio de pequenas incisões.

“Além dos benefícios para os pacientes, o uso da videolaparoscopia também impacta positivamente a gestão do sistema de saúde. Com tempo de internação mais curto e menor necessidade de reintervenções por complicações, a técnica contribui para a otimização de recursos, fundamental em um sistema com alta demanda, como é o caso do SUS”, avaliou a pasta.

Os cinco procedimentos incorporados no novo protocolo são: inibidores das quinases dependentes de ciclina (CDK) 4 e 6; trastuzumab entansina; supressão ovariana medicamentosa e hormonioterapia parenteral; fator de estimulador de colônia para suporte em esquema de dose densa; e ampliação da neoadjuvância para estádios I a III.

“Com o novo PCDT, o tratamento do câncer de mama passa a ter parâmetros de padronização acessíveis a todas as pessoas que necessitam. É garantia de um diagnóstico oportuno, uniformidade e eficiência no tratamento, acesso igualitário a novos medicamentos e profissionais qualificados para atendimento”, destacou o ministério.

Ainda de acordo com a pasta e em razão da importância do diagnóstico precoce, a linha de cuidado do paciente com câncer de mama passa a ser totalmente integrada dentro do Programa Mais Acesso a Especialistas.

“A partir de agora, fica instituído o Protocolo de Acesso às Ofertas de Cuidado Integrado (OCI) na Atenção Especializada em Oncologia”.

Cada OCI envolve um conjunto de procedimentos inerentes a uma etapa da linha de cuidado para um agravo específico. Exemplo: OCI – Diagnóstico de Câncer de Mama: consulta com o mastologista + mamografia bilateral diagnóstica + ultrassonografia de mama + punção aspirativa com agulha fina + histopatológico + busca ativa da paciente para garantir a realização dos exames + consulta de retorno para o mastologista + contato com a equipe de atenção básica para garantir a continuidade do cuidado.

“O objetivo é melhorar o acesso a diagnósticos e consultas, com fila única, da atenção primária à atenção especializada, utilização da saúde digital, integração dos serviços e nova lógica de financiamento, com foco na resolução do problema de saúde. O prazo que antes era de um ano e seis meses, em média, para início do tratamento, passando por várias filas até completar o ciclo de cuidado, agora será de 30 dias para diagnóstico do câncer.”

Entenda

Dados do ministério mostram que o câncer de mama é o tipo mais incidente e a primeira causa de morte por câncer em mulheres em todas as regiões do país.

Ainda segundo a pasta, evidências científicas apontam que 15% dos pacientes atrasam o início do tratamento entre 30 e 60 dias, o que representa aumento de 6% a 8% na mortalidade. Cerca de 35% das pessoas atrasam o início do tratamento mais do que 60 dias, representando 12% a 16% de aumento na mortalidade na fila.

Até então, as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas (DDT) que norteavam o cuidado com o câncer de mama não se restringiam às tecnologias incorporadas no SUS. A padronização das alternativas de diagnóstico, tratamento e acompanhamento das pessoas com a doença garante a orientação de profissionais do SUS e um norte de atendimento de qualidade para pacientes.

“Quando um tratamento não está incorporado ao SUS e é demandado via judicial, se dá o nome de judicialização. Por meio desse processo, é concedido o direito a medicamentos que beneficiam indivíduos de maneira desigual, o que cria desafios para sustentabilidade financeira do SUS, gerando deslocamento de grandes recursos destinados a políticas amplas para acesso individual”, avaliou o ministério.

“Por outro lado, no processo de incorporação de medicamentos no SUS, o governo federal garante um ciclo integral de cuidado: além do direito a medicamentos com eficácia comprovada garantido a todos os cidadãos, são criadas diretrizes e linhas de cuidado para a assistência dos pacientes. Isso promove melhoria em toda a jornada de acesso à saúde, desde o diagnóstico até o monitoramento dos resultados.”

 

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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Saúde

Entenda como a camisinha e o lubrificante evitam a transmissão de HIV e outras ISTs

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Entenda como a camisinha e o lubrificante evitam a transmissão de HIV e outras ISTs
Divulgação AmorSaúde

Mais de um milhão de pessoas com idades entre 15 a 49 anos são infectadas diariamente no mundo por Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) curáveis, de acordo com a estimativa da Organização Mundial da Saúde. No Brasil, um levantamento do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids 2022, do Ministério da Saúde, apontou que os casos de HIV têm aumentado entre homens de 15 a 29 anos.

Uma das respostas para tais números pode estar na diminuição do uso de camisinhas nos últimos anos, já que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que o percentual caiu de 72% para 59% entre os mais jovens. Nesse sentido,  Dr. Guilherme Mendonça Roveri o, profissional da área de Infectologia da rede de clínicas médico-odontológicas AmorSaúde, explica que a importância do preservativo se dá justamente pelo impedimento no contato com a mucosa oral, vaginal, anal ou peniana da outra pessoa.

“Se alguma lesão, fluído, secreção ou excremento pode ser transmitido de um para o outro, será bloqueado pelo mecanismo de barreira, o preservativo. A camisinha, como qualquer outro método de prevenção de ISTs, é limitada, mas tem uma alta eficácia por, justamente, fornecer uma barreira física entre esses fluídos e essas substâncias biológicas”, detalha.

Erros mais comuns na utilização da camisinha

Além da ausência do preservativo nas relações sexuais, outro aspecto que pode ser um “prato cheio” para o HIV/Aids e outras ISTs é o seu uso inadequado. Segundo Roveri, um dos erros mais comuns é o excesso de proteção, com a utilização de dois preservativos de uma vez, isso porque a fricção durante o ato pode rompê-los.

“Pode parecer um pouco fora da realidade, mas há pessoas utilizando mais de uma vez o mesmo preservativo, lavando, tentando higienizar e reutilizando”, aponta. O profissional também descreve que um dos equívocos acontece na hora colocar a camisinha. “Existem aqueles que não tiram ou garantem que a parte de cima do preservativo, que serve para coletar o sêmen, tenha ar” afirma. “Se houver ar enquanto o preservativo é desenrolado ao longo do pênis, há mais chance de estourar”, explica. O médico ainda alerta que “uma outra coisa que acontece com frequência é desenrolar o preservativo ao longo do órgão e tentar colocá-lo nos testículos, gerando dor e sem nenhuma proteção extra”, ressalta.

Roveri salienta que é importante verificar o prazo de validade que está na embalagem, bem como utilizar a camisinha somente se estiver lacrada. “Não deve ser uma preocupação desde que o preservativo não tenha sido retirado da sua embalagem. Se ele for retirado, não está mais apto a usar e deve ser descartado”, explica.

Resistência no uso de preservativos 

Apesar da eficácia comprovada da camisinha, as pessoas podem se deparar com parceiros resistentes a utilizá-la. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, do Ministério da Saúde, indicou que 60% dos homens não usavam preservativo.

 “Temos que lembrar que a prevenção às ISTs é individual. Qualquer indivíduo pode exigir o uso do preservativo se assim ele quiser. A gente não deve permitir que a outra pessoa escolha qual vai ser a nossa proteção”, aponta o médico. Roveri ainda salienta que a apropriação do conhecimento acerca das ISTs é fundamental. “Há estratégias, há a mandala da prevenção, há tudo muito gratuito e disponível. Teste-se, vacine-se, proteja-se da melhor maneira que você puder”, completa.

Outro ponto necessário a se destacar é a questão do Stealthing, prática que consiste na retirada da camisinha durante o sexo sem o consentimento do parceiro ou parceira. Além do risco de transmissão de ISTs ou HIV, o Stealthing pode ser classificado como agressão sexual e já é considerado crime em alguns países. No Brasil, a retirada do preservativo sem consentimento pode se enquadrar no crime de violação sexual mediante fraude. Ao passar pela situação, a vítima deve procurar atendimento médico imediatamente para tomar a PrEP e as pílulas anticoncepcionais de emergência, no caso das mulheres.

E a camisinha feminina?

Não tão comum na hora do sexo, as camisinhas femininas são verdadeiras aliadas para prevenir as infecções. Além de ser introduzida na região vaginal, Roveri recomenda outras formas de uso. “O preservativo feminino também é um método de barreira. É mais largo e pode também ser utilizado dentro do ânus, se for da vontade da pessoa”, afirma. Segundo o médico, “ele tem uma vantagem de ter uma maior superfície de contato, gerando liberdade na desenvoltura da pessoa que vai introduzir aquele membro, pênis ou outro objeto”, demonstra.

A importância dos lubrificantes

Um dos itens mais recomendados durantes as relações sexuais são os lubrificantes. Seu uso vai além de evitar dores ou desconfortos, mas também diminui a fricção entre as mucosas, o que reduz a possibilidade de gerar fissuras e sangramentos nem sempre visíveis. Caso contrário, os ferimentos podem quebrar essa barreira e propiciar, se não houver a lubrificação adequada, a passagem de excrementos, bactérias, vírus e ISTs, de acordo com o profissional. 

O médico alerta que a utilização de lubrificantes deve respeitar as especificações do INMETRO, ou seja, nada de produtos caseiros. “Lubrificante de marca, camisinha comercializada em uma farmácia, sex shop ou outro lugar próprio, nada caseiro. O caseiro não tem como testar eficácia e manejar os problemas que podem vir dessa utilização inadequada”, observa. Roveri também indica a leitura da bula do produto para o uso devido.

Outras práticas de prevenção

A camisinha é um método eficaz para prevenir HIV/Aids e as ISTs, entretanto, não é o único. A PrEP (Profilaxia pré-Exposição) também é uma opção segura. “A PrEP é a estratégia de tomada diária de uma medicação que tem taxa altíssima para prevenir a transmissão do HIV”, explica Roveri. O profissional destaca que “há também a PEP, que é a utilização em até 72 horas de uma medicação parecida com a PrEP, para tentar bloquear essa possível transmissão do HIV a pessoas expostas”.

O médico frisa ainda que além do uso de preservativos e lubrificação, são importantes cuidados de mapeamento de possíveis infecções. “A testagem periódica dessas ISTs, a escolha dos parceiros sexuais, a vacinação, principalmente contra hepatite A e B, contra o HPV são uma mandala para a prevenção combinada contra ISTs”, informa.

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Saúde

Novo plano para combater câncer de colo tem foco em rastreio e vacina

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Novo plano para combater câncer de colo tem foco em rastreio e vacina
© Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em 20 anos, o câncer de colo de útero pode se tornar doença residual no Brasil, se o país seguir um novo plano de combate à doença, que prevê avanços no rastreio, tratamento e, principalmente, na vacinação contra o HPV. Hoje, esse é o terceiro tipo mais prevalente de tumor entre as mulheres brasileiras e a quarta maior causa de morte, com cerca de 17 mil novos casos por ano, e aproximadamente 7 mil mortes. Quase 100% dos casos são decorrentes da infecção pelo Papilomavírus Humano, ou HPV, um vírus com mais de 200 tipos, dos quais apenas dois – o 16 e o 18 – são responsáveis por 70% dos casos.

Quase 65% das pacientes só descobrem a doença em estágio já avançado. Por isso, uma das principais novidades do novo Plano Nacional para a Eliminação do Câncer de Colo de Útero é a intenção de implementar no Sistema Único de Saúde um novo tipo de teste, do tipo molecular, para diagnóstico do HPV, em substituição ao exame citopatológico feito atualmente, conhecido popularmente como preventivo ou papanicolau. “É um teste que te permite saber a persistência ou não do vírus. As pessoas se contaminam com o HPV com muita frequência, em idade precoce, provavelmente 90% da população. Normalmente, esse vírus desaparece, mas quando ele persiste, tem possibilidade maior de desenvolver doenças associadas, levando a lesões precursoras e ao próprio câncer de colo uterino”, explica o diretor-geral do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Roberto Gil.

De acordo com Gil, no momento, os testes disponíveis estão sendo validados para a escolha da melhor opção. Mas resultados de testes-modelo feitos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que eles podem reduzir em 46% os casos de câncer e em 51% a mortalidade pela doença, índices superiores aos do exame citopatológico.  O público-alvo é composto por todas as mulheres, ou pessoas com útero, de 25 a 64 anos, principalmente aquelas que nunca fizeram exame preventivo.

Associado ao novo diagnóstico, os serviços públicos também devem implementar um sistema de autocoleta, em que a própria paciente poderá extrair o material para a análise, sem a necessidade de uma consulta ginecológica. “Um gargalo que a gente tem pra fazer o rastreamento é que muitas mulheres não vão ao posto ou se sentem intimidadas, principalmente se for um homem fazendo o exame. Como esse exame molecular é mais simples de ser colhido, começamos a trabalhar também com a autocoleta”, complementa o diretor-geral do Inca. O método já está sendo testado em cidades de Pernambuco e São Paulo e, a partir do início do ano que vem, deve ser adotado de forma escalonada, em lugares selecionados, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, que apresentam as maiores taxas de mortalidade pela doença.

Além do rastreio tardio, as pacientes sofrem com a demora até o início do tratamento. Apesar da lei brasileira determinar que ele deve começar em até 60 dias, cerca de metade delas só recebe algum tratamento depois desse prazo nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste. O Sul é a única região onde a situação mais frequente é que as pessoas diagnosticadas comecem a se tratar em até 30 dias, o que ocorre com 44% dos pacientes. No Norte, em 65% dos casos, o tratamento só começa após os dois meses. Essa demora também impacta a proporção de óbitos, que passa dos 15% na região, bem acima da média brasileira, que é de 6%.

A meta da Organização Mundial da Saúde é o rastreamento de pelo menos 70% das mulheres, com testes de alta performance. A partir disso, 90% dos casos positivos para HPV devem ser tratados rapidamente. O diretor do Inca explica qual o percurso ideal, a partir do diagnóstico: “Se você fez o teste e detectou o vírus, o ideal é que faça um exame de colposcopia, para avaliar se tem alguma lesão e fazer a biópsia quando necessário. Se for identificada lesão precursora, já fazer a excisão e se tiver o diagnóstico da doença, com um adenocarcinoma já instalado, a paciente deve ser encaminhada a um serviço de alta complexidade para tratar o câncer de colo.” Para alcançar a meta da OMS, o Brasil precisa aumentar em pelo menos 56% o número de colposcopias e em mais de 600% a quantidade de biópsias.

Vacinação

A eliminação do câncer de colo do útero, no entanto, só será possível se novas infecções pelo HPV deixarem de ocorrer, o que depende da vacinação. A meta é alcançar 90% do público-alvo, hoje composto por meninas e meninos de 9 a 14 anos. A vacinação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também está disponível para pessoas imunodeprimidas, vítimas de violência sexual e usuários de Prep, a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV, com até 45 anos. Além disso, o Ministério da Saúde lançou uma estratégia de resgate de jovens com até 19 anos que não tenham se vacinado na idade adequada.

O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, explica porque esse é o esquema adotado pelo SUS: “Esse é o público que ainda não entrou na vida sexual, ou seja, ainda não se expôs ao vírus. É o público que tem o maior risco e, ao mesmo tempo, a melhor oportunidade de se proteger. Por uma questão de direcionamento dos esforços, considerando que o PNI é uma ação programática e preventiva, escolhemos esse grupo alvo de 9 a 14 anos. Quanto mais tempo passa na vida da pessoa, maior o risco de ela já ter vivido situações de exposição ao HPV, que é um vírus muito comum. Então, em termos de resultado, acaba sendo melhor direcionar para os adolescentes.”

A vacinação contra o HPV no Brasil completa dez anos em 2014 e foi incluindo público-alvo maior de lá para cá. Os números mais atualizados mostram que até o ano passado, o Brasil alcançou uma cobertura vacinal média entre as meninas de 81,1%, que passou de 96% no Paraná, mas não chegou a 43% no Acre. A vacinação dos meninos é mais preocupante, com cobertura média de 56,9% no Brasil e de apenas 25% no estado da Região Norte.

Nesta sexta-feira (6), o PNI deve lançar nova ferramenta de acompanhamento da aplicação da vacina, com as taxas de cobertura divididas por cada uma das idades do público-alvo. Ela mostra que a cobertura entre as crianças de 9 anos ficou abaixo de 69% no ano passado, mas entre os adolescentes com13 anos, já tinha alcançado 100%.

Desde abril, o PNI adota o esquema vacinal de apenas uma dose, substituindo as duas que eram necessárias anteriormente. A mudança é recomendada pela OMS, por evitar que o adolescente precise retornar ao posto de saúde para tomar a dose de reforço e só assim ficar completamente imunizado. Este ano, mais de 6 milhões de doses da vacina foram distribuídas aos estados e municípios. De acordo com o diretor do Programa Nacional de Imunizações Eder Gatti, a prioridade para o ano que vem é aumentar o alcance nos municípios que ainda estão com cobertura baixa, especialmente entre os meninos.  

Com informações: agenciabrasil.ebc.com.br

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